domingo, 16 de janeiro de 2011
O DEFENSOR
No alto de seus um metro e setenta, Henrique não intimida o adversário logo à primeira vista. Mas em uma ou duas jogadas depois, o atacante vai entender do que se trata e que terá que passar por um defensor dedicado e implacável. Henrique Lemos de Souza tem vinte e dois anos, natural de Porto Alegre e é cabo do exército. Como, infelizmente, o futebol americano não está profissionalizado no Brasil, o Corner Back do Bulls investe com recursos próprios em si como jogador e no futuro do futebol americano brasileiro.
Na cancha de futebol do condomínio onde mora, na Vila Nova, Henrique teve seu primeiro contato com o esporte. Era pequeno o espaço, muita gente e pouco conhecimento das regras, mas isso não foi empecilho para perceber o quanto é divertido o futebol com as mãos, criado pelos norte americanos. Jogava o pessoal do condomínio e tinha espaço para todos de dez a vinte anos, homens e mulheres. Era uma novidade e por isso não era necessário grande conhecimento técnico. Com uma bola velha, furada e murcha o futebol americano chegou à vida de Henrique, que diz:
─ Desde então não consigo parar de jogar e acompanhar na TV.
Para entrar para um time de verdade demorou um pouco mais de tempo. A paixão continuou sendo alimentada pelos jogos da NFL que acompanha e tem uma simpatia especial pelo Minnessota Vikins. Mas a admiração, até então, ficava apenas em olhar, quando, nesse ano, pelo Orkut ele descobriu um colega que joga no Bulls e perguntou-lhe o que deveria fazer para jogar e foi convidado para aparecer em um treino sendo “contratado” imediatamente.
A verdade é que os times de futebol americano, não só de Porto Alegre como do Brasil, precisam de pessoas dispostas a jogar e não exigem requisitos básicos para isso. Gordo, baixo, magro, alto, não importa. O importante é ter vontade e ser aplicado, pois para os jogadores do Bulls os encontros de domingo no Parque Gigante, não são mera diversão. Há o sonho de profissionalizar o esporte no Brasil e, portanto o único requisito é o compromisso. Entretanto, a concorrência é grande, como nos tempos de cancha onde o futebol americano foi aos poucos substituído pelo tradicional “soccer” brasileiro e pelo vôlei. A mesma coisa acontece em âmbito nacional onde a preferência é o futebol tradicional, o que prejudica outros esportes no Brasil que precisam de patrocínio e do apoio dos governos. Esse descaso ofusca muitos talentos do esporte brasileiro.
Henrique então faz o apelo, quando perguntado quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos times brasileiros de futebol americano, ele responde:
─ Bom as dificuldades são muitas. Começando pela divulgação do esporte. Garanto que poucas pessoas saibam que existe uma liga de futebol americano no Brasil e que o pessoal tem receio de jogar porque existe o medo de se machucar, mas garanto que é bem mais fácil se machucar jogando uma pelada com os amigos do que jogando futebol americano.
Uma coisa é certa, não só o Henrique como os outros jogadores de futebol americano espalhados pelo Brasil, são guerreiros dentro e fora de campo. Lutam pela profissionalização de um esporte com pouco incentivo. Faltam atletas, faltam recursos, faltam equipamentos. Mas lá estão eles, acreditando no futuro do futebol americano brasileiro. È um esporte que aceita as diferenças, pois os atletas não precisam seguir um padrão pré- estabelecido já que, por exemplo, o gordinho que sempre é o goleiro no futebol convencional pode se descobrir um grande Center. O alto desengonçado, um grande corredor.
O importante é que no futebol americano tem espaço pra todos, é um jogo que valoriza o espírito de equipe, aguça a inteligência e o espírito estratégico e acima de tudo é uma maneira de se manter saudável. O Henrique está lá pronto para fazer história, será que você também não pode?
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Contato com o Porto Alegre BULLS
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